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Notícias e Dicas para Pacientes

Dr. Jorge Rezeck fala sobre prevenção e novidades no tratamento de diabetes

O diabetes sempre foi uma doença que intrigou nossos pacientes e seguidores em canais de contato online. Talvez, o motivo seja a quantidade de pessoas que são diabéticas, afinal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este número é de 1 em cada 11 pessoas no mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que entre 2006 e 2016, o aumento no diagnóstico da doença foi de 60%.

Mas, apesar dos números preocupantes, a prevenção está cada vez mais possível, uma vez que ela é simples e o acesso a informação, maior. Outra boa notícia para os pacientes brasileiros é a chegada da insulina inalável, que, após ser liberada pela Anvisa no início de junho, deve começar a ser comercializada no país a partir do segundo semestre.

Então, para falar sobre todos os temas relacionados ao diabetes, o site do Hospital São Jorge convidou o médico endocrinologista e diretor do hospital, Dr. Jorge Rezeck, para um bate-papo sobre o assunto.

Confira:

1- Quais são os tipos de diabetes e diferenças entre eles?

Temos 4 tipos de Diabetes Mellitus: O Diabetes tipo 1, causado pela destruição auto-imune das células que produzem insulina no pâncreas; o Diabetes tipo II, causada pela resistência à ação da insulina; o Diabetes Gestacional, que é um estado de resistência à ação da insulina durante a gestação em pacientes sem histórico prévio de hiperglicemia; e outros tipos de Diabetes, como em quadros pós inflamatórios do pâncreas, uso de corticoesteróides, doenças endocrinológicas e o Diabetes monogênico (induzido por alteração genética).

2- Como se diagnostica a doença? Quando o paciente é considerado diabético?

O diagnóstico se dá através da avaliação de hiperglicemia, ou seja, o aumento da taxa de açúcar no sangue. Essa avaliação pode ser feita dosando a glicose em jejum ou por meio de testes de tolerância com sobrecarga de glicose oral. O paciente pode ser considerado em estado de resistência insulínica (ou pré-diabético) ou diabético se a glicose de jejum for maior do que 100. A glicose em jejum é o primeiro exame a se alterar, então preconizamos esse exame para diagnóstico inicial do Diabetes. Se caso você medir a taxa de açúcar no sangue acima de 100, procure um especialista para melhor avaliação, você pode estar desenvolvendo um quadro de Diabetes e que, se tratada na fase inicial, tem uma melhor evolução durante toda a vida.

3- Quem são as pessoas que estão mais propensas a ter diabetes?

O diabetes tipo I tem uma característica genética bem importante, estando presente em familiares de 1° ou 2° grau e não se correlaciona com estilo de vida. No caso do Diabetes tipo II, pessoas obesas, sedentárias, com uma alimentação muito rica em carboidratos simples como o pão, arroz branco, massas, refrigerantes e açucares estão mais propensas a desenvolverem a doença.

4- Mesmo quem não está neste “grupo de risco” precisa se preocupar com a doença? Como deve ser feita a prevenção?

A prevenção do Diabetes mellitus está na mudança do estilo de vida. A alimentação saudável, rica em gorduras mono e poliinsaturadas, proteínas e fibras e pobre em carboidratos simples e gorduras trans e saturadas, sendo benéfica não somente para a prevenção, mas também no tratamento da Diabetes e outras tantas doenças metabólicas. A prática de atividade física regular também é recomendada, sendo indicado pela Organização Mundial da Saúde, 150 minutos de atividade física semanal para uma boa saúde cardiovascular. A implementação de estratégias de estilo de vida saudável tem impacto na prevenção e tratamento do Diabetes maior do que o tratamento medicamentoso, sendo estratégia inicial indicada para TODAS as pessoas no consultório.

5- Como é feito o tratamento?

Os 3 pilares do tratamento envolvem: Dieta, atividade física regular e uso de medicamentos orais específicos e em alguns casos, a insulina.

6- Quais são os principais medicamentos e suas características?

A principal medicação via oral é a Metformina, sendo raros os casos que não iniciamos o tratamento com a mesma (devido a contraindicações de seu uso). Hoje em dia temos medicações novas, que auxiliam não só o controle diabético, mas também no gerenciamento de peso, melhorando um dos fatores desencadeantes da Diabetes, a Obesidade. E claro, para os casos onde ocorre falência do pâncreas, temos a insulina como proposta terapêutica. Salientando que hoje em dia temos diversos tipos de insulina, com efeito rápido, lento e ultralento, injetáveis e agora, recém-chegada ao Brasil, a insulina inalável.

7- Como deve ser a rotina do paciente com diabetes?

Depende muito do caso. Pacientes que seguem as orientações nutricionais, que tem uma rotina de atividade física e que tomam as medicações conforme seu médico prescreve, tem um acompanhamento anual e a vida sem nenhum problema. As complicações surgem quando o tripé do tratamento não é seguido corretamente, surgindo então alterações neurológicas, vasculares, renais e cardiológicas associadas ao Diabetes.

8- Quais são as novidades científicas mais recentes sobre a doença?

As novidades em relação ao tratamento são as novas medicações lançadas recentemente, os inibidores dos receptores de SGLT2 e os análogos de GLP1, sendo consideradas medicações de primeira linha no tratamento da Diabetes, que além de promoverem o controle da glicose, atuam reduzindo o peso e diminuindo eventos cardiovasculares a longo prazo (a doença cardiovascular é a que mais mata no paciente diabético). Essas drogas foram um marco no tratamento do paciente diabético. E há muito tempo usada no Estados Unidos, a insulina inalável chega esse ano ao Brasil, sendo uma ótima opção terapêutica nos pacientes resistentes ao uso de insulina injetável.

9- Como deve ser feita a prevenção em crianças? E qual é a importância dela?

A prevenção deve ser baseada na alimentação e na promoção de atividade física das nossas crianças. O que comemos quando crianças, impacta diretamente no nosso metabolismo futuro. Portanto, alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e legumes promovem uma saúde na infância e adolescência melhor, com menor risco de desenvolvimento de doenças metabólicas na fase adulta. A alimentação rica em doces, refrigerantes e guloseimas promove diretamente maior risco de Diabetes, Obesidade, Dislipidemias e outras doenças metabólicas. Isso deve ser entendido pelos pais e incorporado à rotina de nossas crianças, pois o desenvolvimento destas doenças na fase adulta é o reflexo do desenvolvimento infanto-puberal. E não adianta querer que seu filho se alimente bem se você não se alimenta bem. Seja o exemplo, não compre refrigerantes, salgadinhos, doces, sucos em pó, açúcar, chicletes e etc. O seu filho se espelha em você. Quer que ele se alimente melhor? Comece você a se alimentar melhor. Comece você a fazer uma atividade física. Comece hoje e não amanhã.

 

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