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Nutricionista fala sobre os superalimentos e hábitos saudáveis
Convidado pelo site do Hospital São Jorge para falar sobre os chamados superalimentos, o nutricionista Gustavo Pereira, que atua na instituição, acabou dando dicas preciosas sobre hábitos saudáveis em geral. Tudo de forma simples e focado em uma rotina em que o equilíbrio é a palavra-chave.
“Um dos maiores problemas de parte dos brasileiros é o costume de fazer exames e ao perceber que está tudo certo, voltar a fazer tudo errado até refazer os exames e tomar um susto”, essa foi uma das frases utilizadas pelo nutricionista do Hospital São Jorge – Gustavo Pereira para descrever os erros que cometemos quando o assunto é a nossa saúde.
Para ele, não existe um alimento que possa ser descrito como vilão, assim como não existe um superalimento que sozinho consiga garantir a saúde de quem não investe no que chama de “quadripé” de cuidados que devemos ter como rotina, sendo eles com: Saúde Mental, Alimentar, Descanso e Atividade Física.
Mas, apesar de descartar essa autossuficiência dos alimentos, ele afirma que o conceito de superalimento é real e que significa que os alimentos possuem propriedades importantes para desempenhar grandes benefícios em nosso corpo. Segundo o profissional, gengibre, açafrão, entre outros, possuem ações anti-inflamatórias, assim como legumes e verduras são antioxidantes, entre outros alimentos que podem ajudar a evitar doenças ou até mesmo manter a nossa saúde como um todo. “O que não existe é a pessoa ingerir esses alimentos, mas comer de forma desequilibrada, ser sedentária, não dormir bem e esperar que apenas a ingestão de um superalimento a mantenha saudável”, disse.
O nutricionista explica que todos precisam fazer o básico e que uma rotina 95% correta, que inclui a ingestão de alimentos diversificados, realização de atividades físicas, cuidados com a nossa saúde psicológica e controle da ansiedade, além de uma boa qualidade de descanso ( que inclui oito horas de sono diárias), abre margem para que possamos desfrutar de hábitos não tão positivos assim de vez em quando. “Não é uma refeição que vai te tornar diabético ou acabar com a sua saúde como um todo. Podemos nos dar o direito de comer açúcar, pizza, massas, tomar bebidas alcoolicas de vez em quando, o que não é saudável é fazer tudo errado todo dia”, afirmou.
Quantidade de Informação x Qualidade de Informação
Questionado sobre como saber o que é real e o que é mentira sobre alimentação em um mundo cercado de informações por todos os lados, Gustavo Pereira afirmou que o ideal é sempre buscar meios de comunicação realmente confiáveis como os artigos científicos ou o mais indicado por ele, que é a conversa com um profissional. “É muito difícil uma pessoa leiga pegar um artigo científico para ler, compreender e pesar todas as informações ali contidas, por isso, nós profissionais da saúde, estamos sempre atentos e estudando muito para fornecer toda e qualquer informação sobre benefícios e malefícios de alimentos e hábitos em geral”, disse.
Ele explica que, muitas vezes, textos de internet e conversas informais sobre alimentação podem ser perigosos e cita um exemplo importante. “Algumas pessoas têm medo de ingerir frutas, por exemplo, por medo da frutose, que é o açúcar contido nelas, porém, nas frutas, a sua concentração é muito baixa (de 4% a 6%), enquanto a concentração de fibras, vitaminas e minerais é muito maior e representa um grande benefício à saúde”, afirma.
Pereira ainda conta que a grande concentração de frutose que faz mal é a que vem da sacarose, presente em açúcar de mesa, pães e produtos industrializados. E, falando em produtos industrializados, segundo o nutricionista, são eles que devem ser cada vez mais retirados de nossa rotina alimentar. “É preciso trocar o produto pelo alimento”, diz.
Entre as trocas sugeridas estão a barra de cereal por uma fruta, um mix de castanhas ou chia, por exemplo. “Quanto mais ingredientes houver no rótulo de um alimento, mais ele deve ser evitado”, afirmou.
Polêmica com o óleo de coco
O nutricionista Gustavo Pereira também falou sobre as recentes polêmicas com o óleo de coco, que chegou a ser chamado de veneno, por uma pesquisadora da Universidade de Harvard, que relacionou o uso do alimento com o aumento nos níveis de colesterol e entupimento de veias coronárias.
Para ele, a forma como a pesquisa foi divulgada pode ser questionada se considerarmos todos os estudos que já foram realizados sobre o alimento ( que tem um alto percentual de gordura saturada, podendo chegar a 13 gramas em 15 gramas de óleo de coco) e tudo que a comunidade de profissionais já sabe sobre colesterol e problemas cardíacos. “A Universidade de Harvard tem um grande peso e credibilidade, por isso realmente consideramos as pesquisas realizadas pela instituição. Porém, também existem estudos que mostram que a relação entre aumento de doenças cardiovasculares e ingestão de gorduras saturadas é um mito”, disse.
Além disso, o profissional explica que o fato da pesquisa divulgar que parte do grupo que ingeriu óleo de coco apresentou aumento nos índices de colesterol LDL e HDL precisa ser avaliado com mais atenção. “Nem sempre o colesterol é o vilão, existem estudos que mostram que 136 mil pacientes com doenças cardiovasculares tinham índices de colesterol normais”, afirma.
Mesmo assim ele deixa claro que, no caso do LDL, o alto índice pode ser sim um motivador de doença cardiovascular, desde que ele seja “oxidado” pela alta ingestão de açúcar e alimentos industrializados, por exemplo.